O Deus Pai revelado no Novo Testamento quer salvar a todos. “Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, que quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1 Tm. 2:3-4). O apóstolo Pedro diz: “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pd. 3:9). Paulo vai além de Pedro ao dizer: “Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis” (1 Tm. 4:10). Para o apóstolo Paulo, todos precisam ser salvos, pois para Deus, o Pai, não há condenados, mas perdidos, e Deus ama a todos, maus e bons. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16). A graça de Deus é total, isto é, para todos, fiéis e infiéis, justos e injustos, santos e imundos, condenados e não condenados; por isso Paulo declara: “Porque a graça de Deus se há manifestado trazendo salvação a todos os homens” (Tt. 2:11). E para que não houvesse dúvidas quanto ao propósito de Deus Pai, Cristo morreu na cruz, e já reconciliou todos com Deus, mesmo antes da conversão. “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (2 Co. 5:19). É por isso que, com o seu sacrifício, Jesus fez propiciação pelos nossos pecados, e também pelos pecados de todo o mundo (1 Jo. 2:2).
Deus não manipula a salvação ou a condenação de ninguém. Se manipulasse, seria teatrinho de marionetes. Os marionetes são bonecos manipulados pelas mãos de um artista.
Esse método de manipular as pessoas existia no Velho Testamento. Jeová manipulava tudo. Em Gn. 3:15 Jeová criou a inimizade entre duas sementes, isto é, entre dois povos. Fica provado que Jeová não queria salvar nenhum. Abraão teve dois filhos, Ismael e Isaque, e Jeová criou inimizade entre estes dois povos irmãos (Gn. 16:11-12; 21:1-13). No caso de Esaú e Jacó, gêmeos, Esaú foi rejeitado desde o ventre (Rm. 9:11-13). Isto é puro teatrinho de marionetes. No Novo Testamento os Esaús e Jacós estão reconciliados com Deus e debaixo da graça. É só crer para ser salvo, o pior criminoso. Cada um é livre para crer ou não, e Deus não manipula ninguém. Um caso gritante é o de Faraó. Quando Jeová chamou Moisés para libertar o povo de Israel, que estava cativo no Egito (note-se que quem levou o povo para o Egito foi Jeová), Jeová antecipadamente declarou que ia endurecer o coração de Faraó antes de Moisés falar com ele (Ex. 4:21). Faraó era manipulado por Jeová para não crer. Diversas vezes após as pragas Faraó amoleceu, mas Jeová o endureceu mais ainda (Ex. 7:23; 10:1, 20, 27; 11:10). Faraó e o seu povo não eram livres para decidir. Quem decidia por eles era Jeová, que os odiava e queria matá-los. A glória de Jeová foi matá-los (Ex. 14: 4,17).
Quando Israel estava entrando em Canaã, Jeová manipulou o comportamento dos reis da terra. O primeiro foi Siom, rei de Hesbom, que não deu passagem para Israel, porque Jeová lhe endurecera o coração. O objetivo de Jeová era destruir, exterminar velhos, moços e crianças. Isto está em Dt. 2:30-34. Se Jeová fosse o Pai de Jesus, estaria definida uma mentira do Pai, que quer salvar a todos, e Jeová queria matar a todos. Felizmente Jeová e o Pai têm propósitos diferentes. Sobre o propósito de Jeová, lemos o seguinte sobre todos os reis que habitavam em Canaã: “Não houve cidade que fizesse paz com os filhos de Israel, senão os heveus moradores de Gibeão, porquanto de Jeová vinha que os seus corações endurecessem, para saírem ao encontro de Israel na guerra, para os destruir totalmente, para se não ter piedade deles, como Jeová tinha ordenado a Moisés” (Js. 11:20).
É interessante notar que no Novo Testamento os homens só são controlados pelo Espírito Santo, depois da conversão a Jesus (At. 2:38). Jeová, entretanto, manipulava o comportamento dos homens, e contra a sua vontade.
Nabucodonosor, rei da Babilônia, rei perverso e cruel, e acima de tudo idólatra, era manipulado por Jeová. Leiamos o que diz Jeremias: “Eu fiz a terra, o homem, e os animais que estão sobre a face a terra, pelo meu grande poder, e com o meu braço estendido, e a dou àquele que me agrada em meus olhos. E agora eu entreguei todas estas terras na mão de Nabucodonosor, rei de Babilônia, meu servo. E todas nações o servirão a ele, e a seu filho, e ao filho de seu filho” (Jr. 27:5-7). Nabucodonosor era manipulado por Jeová, porque Jeová se agradava dele, para dominar o mundo. Depois disso, Jeová mudou, pois o filho de Nabucodonosor e o neto não lhe agradaram aos olhos. Chamou Jeová os seus santificados. Quem eram eles? Israel? Nunca. Eram os persas os santificados de Jeová. E para que os chamou? Para destruir a Babilônia, que antes agradava a seus olhos (Is. 13:3,13-17). Os santificados de Jeová, isto é, os persas, fizeram estremecer os céus e a terra por causa do furor de Jeová dos Exércitos, e de sua ira. As crianças foram despedaçadas, as casas saqueadas e as mulheres violadas (pelos santificados).
Foi Jeová que trouxe Salmanasar, rei da Assíria, com um enumerável exército, para levar Israel para o cativeiro. Lemos isso em 2 Rs. 18:9; 17:20-23 e Is. 8:7-8. Ninguém tinha vontade própria. Ninguém era livre. Jeová manipulava tudo: o povo dele e os povos estranhos. E Israel foi para o cativeiro porque era mau e idólatra. Jeová porém declarou que Israel foi obra de suas mãos, dizendo: “Vocês são o barro e eu sou o oleiro”. Sendo assim, Jeová os formou maus e idólatras (Jr. 18:1-6). Jeová disse por boca de Isaías: “Ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?” (Is. 43:13).
Foi em Jeová que nasceu a absurda doutrina de predestinação. Mas eleição pressupõe discriminação, o que é injusto, pois é injusto dar a iguais prêmios desiguais, e todos os homens são iguais quanto ao pecado (Rm. 3:23). O que vemos no Velho Testamento é a incursão de Jeová, tentando macular as coisas do verdadeiro Deus, matando, amaldiçoando, mandando pestes e pragas, e usando os homens como marionetes.
Do Pai, entretanto, declara Paulo, que nos tempos passados deixou andar todas as gentes em seus próprios caminhos (At. 14:15-16). Contudo, não se deixou a si mesmo sem testemunho (At. 14:17).
Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira