Mat.6:9 a 13
Lemos na oração do Pai nosso, ensinada por Jesus, que Deus, o Pai, tem o pão verdadeiro. “Moisés não vos deu o pão do céu; mas meu Pai vos dá o verdadeiro pão do céu” (Jo. 6:32). Isto equivale a dizer que o pão dado por Jeová no deserto era falso. “Então disse Jeová a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus” (Ex. 16:4). Porque Jesus teria dito aquilo, indo de encontro a Jeová? Por que o maná, o pão dado por Jeová por quarenta anos no deserto era material, e o pão de Jesus é espiritual. No capítulo seis de Mateus, onde lemos a oração do Pai nosso, em continuação, Jesus exorta os discípulos a não buscarem o pão material, pois o Pai conhece as nossas necessidades materiais e físicas, e termina o texto dizendo: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça, e as outras coisas vos serão acrescentadas” (Mt. 6:33). Jesus está ensinando que a prioridade para que o homem tenha a vida eterna é o pão espiritual e não as coisas materiais. “Que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder a sua alma?” (Mt. 16:26).
Digamos que a necessidade do cristão é feijão e arroz. O cristão faminto pede a Deus um pão, ou um peixe, ou um ovo, mas o Pai celestial lhe dá o Espírito Santo (Lc. 11:9-13). O cristão, então, reclama dizendo: — Eu pedi um pão, ou peixe, ou ovo; não pedi o Espírito Santo, pois estou com fome. — Mas Deus tem de ser coerente com o sermão da montanha. Lá ele manda não buscar isso. Quem o faz tenta a Deus, e é isso que o diabo quer. Foi o diabo que ofereceu o pão material a Jesus (Lc. 4:1-4). E Paulo diz: “O Espírito Santo ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm. 8:26).
O homem busca as coisas materiais deste mundo, inclusive o pão de cada dia, mas quem dá essas coisas é o diabo. “E o diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os reinos do mundo. E disse-lhe o diabo: Dar-te-ei a ti todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue, e dou-o a quem quero. Portanto, se tu me adorares, tudo será teu” (Lc. 4:5-7). O Cristão, cego pela fome física, não percebe que o pão nosso de cada dia, que Jesus manda buscar, é o pão espiritual, para que nossa alma não seja de Satanás.
É claro que o Pai não nos deixa morrer de fome, mas devemos saber que Jesus, o seu Filho, não tinha onde morar. “Disse Jesus: As raposas têm os seus covis, e as aves do céu têm ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça” (Mt. 8:20). O Pai só tem um pão para todos. Disse Jesus: “Eu sou o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu…” (Jo. 6:48-51). O Pai não tem dois pães para dar. Só tem um. Os cristãos querem que o Pai dê os dois pães, mas Ele só tem um, que é Jesus Cristo. E para todos. Maus e bons, justos e injustos, amigos e inimigos, fiéis e infiéis, sábios e ignorantes. Deus não pode ser injusto. Se o Pai dá o pão material, todos os cristãos seriam milionários, mas Jesus afirma que a riqueza material, para Deus, é miséria, em Lucas 12:16-21.
No Velho Testamento havia diversos tipos de pães, dados, servidos pelo mesmo Deus. “Jeová deus dos exércitos, até quando te indignarás contra a oração do teu povo? Tu os sustentas com o pão de lágrimas” (Sl. 80:4-5). “Tenho comido cinza como pão, e misturado com lágrimas a minha bebida. Por causa da tua ira e da tua indignação, pois tu me levantaste e me arremessaste” (Sl. 102:9-10). “Bem vos dará Jeová, pão de angústia e água de aperto…” (Is. 30:20). Quem comeu pão de angústia toda a vida foi Davi, que disse no seu lamento: “Já estou cansado do meu gemido; toda a noite faço nadar a minha cama, molho o meu leito com as minhas lágrimas” (Sl. 6:6). “Jeová, não me repreendas na tua ira nem me castigues no teu furor. Porquetuas frechas se cravaram em mim, e a tua mão sobre mim desceu” (Sl. 38:1-2). “Portanto, assim diz Jeová dos exércitos, deus de Israel: Eis que darei de comer alosna a este povo, e lhe darei a beber água de fel” (Jr. 9:15). A alosna tem o gosto do fel, ou pior. Mas Jeová fabricou um pão ainda pior do que os citados acima. “Porque na mão de Jeová há um cálice, cujo vinho ferve, cheio de mistura, e dá a beber dele: certamente todos os ímpios da terra sorverão e beberão as suas fezes” (Sl. 75:8). Este pão de fezes Jeová deu para seu povo comer. “Desperta-te, levanta-te ó Jerusalém, que bebeste da mão de Jeová o cálice do seu furor; bebeste e sorveste as fezes do cálice” (Is. 51:17).
Jeová quis forçar o profeta Ezequiel a comer bolinhos feitos de fezes dos homens por 390 dias (Ez. 4:5-15). Jeová prima pelas coisas grotescas. Tem na mão direita um cálice cheio de vômito para dar (Hc. 2:16). Mas Jeová tem ainda um pão mais abominável para dar aos seus filhos, e não é para os maus, e sim para os bons. “As mãos das mulheres piedosas cozeram seus próprios filhos; serviram-lhes de alimento na destruição da filha do meu povo” (Lm. 4:10). Para que ninguém pense que foi acaso, Jeová planejou essa maldição na sua lei (Dt. 28:53-57).
Jeremias captou o projeto de Jeová; e declara: “Fez Jeová o que intentou; cumpriu a sua palavra que ordenou desde os dias da antigüidade; derrubou e não se apiedou, exaltou o poder dos teus adversários” (Lm. 2:17).
Nenhum dos pães do vasto cardápio de Jeová prefigura a Cristo, o verdadeiro pão da vida, e único pão do Pai: Pão do amor, Pão do perdão, Pão da paz, Pão do Espírito e da verdade, isto é, Jesus é o Pão que tem todos os sabores espirituais.
Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira