(063) – A JUSTIÇA DA LEI DE JEOVÁ

        No Velho Testamento, os israelitas estavam debaixo da lei de Jeová. Os outros povos não. Quem obedecesse a lei era considerado justo (Sl. 5:12; 34:17; 37:17, 21, 25; Sl. 55:22; 112:2-4). Estes textos são apenas alguns que falam do justo. Ezequiel, o profeta, traça o perfil do homem justo: “Sendo pois o homem justo, e fazendo juízo e justiça, não comendo sobre os montes, nem levantando os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminando a mulher do seu próximo, nem se achegando a mulher na sua separação; não oprimindo ninguém, tornando ao devedor o seu penhor, e não roubando, dando o seu pão ao faminto, e cobrindo ao nu com vestido; não dando o seu dinheiro a usura, e não recebendo demais, desviando a sua mão da injustiça, e fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem; andando nos meus estatutos, e guardando os meus juízos, para obrar segundo a verdade, o tal justo certamente viverá, diz o Senhor Jeová” (Ez. 18:5-9). Todo este comportamento e estas obras são ditados pela lei dada no Monte Sinai por Jeová. Estas boas obras e este bom comportamento  são chamados no Novo Testamento de OBRAS DA LEI. Paulo declara: “O homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo” (Gl. 2:16). Ora, se a lei fosse realmente dada por Deus Pai, o homem seria justificado pelas obras da lei, pois Deus não pode se contradizer. “Nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” (Rm. 3:20). As paixões dos pecados, que são pela lei, operam a morte (Rm. 7:5). A lei opera a ira e não o amor (Rm. 4:15). A lei é fria e impiedosa, e é chamada por Paulo de ministério da morte, isto é, pela lei, todos morrem, pois todos um dia vão pecar (2 Co. 3:6-7; Ec. 7:20).

A justiça de Jeová se baseava na lei e não no amor — “A alma que pecar morrerá, diz Jeová” (Ez. 18:4). Mas a justiça do Pai se baseia no amor e não na lei — “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16).

Na justiça do amor, Jesus morre em lugar do pecador. Este tem apenas de crer e não precisa da lei. Ora, se os gentios são salvos sem a lei de Jeová, e os judeus que estavam debaixo da lei se perderam, concluímos que a lei foi inútil e danosa. Lemos na carta aos hebreus: “Porque o precedente mandamento é abrogado por causa da sua fraqueza e INUTILIDADE” (Hb. 7:18). Ora, o Deus da Glória e da suprema sabedoria não poderia  ordenar uma lei inútil,  nem ter dois tipos de justiça, da lei e do amor, pois neste caso teria dois pesos e duas medidas, que o próprio Jeová condena (Dt. 25:13-15). A conclusão é cristalina: A justiça da lei partiu de uma fonte, e a justiça do amor partiu de outra.

A lei justifica quem não pratica o mal, e o amor de Deus justifica quem pratica o mal, mas crê pela fé em Jesus Cristo. “Aquele que faz qualquer obra não lhe é imputado o galardão segundo a graça, mas segundo a dívida, mas aquele que não pratica, mas crê naquele que justifica o ímpio, a sua fé lhe é imputada como justiça. Assim também Davi declara: bem-aventurado o homem a quem Deus imputa a justiça sem as obras, dizendo: Bem-aventurados aqueles cujas maldades são cobertas, e cujos pecados são perdoados” (Rm. 4:4-7).

A justiça da lei é completamente incompatível com a justiça da fé, e o próprio Jesus repudia a justiça da lei.

Se Jeová fosse o Pai, não permitiria que Moisés dissesse: “E Jeová nos ordenou que fizéssemos todos estes estatutos, para temer a Jeová nosso Deus, para o nosso perpétuo bem, para nos guardar em vida, como neste dia se vê, e será para nós justiça quando tivermos cuidado de fazer todos estes mandamentos perante Jeová nosso Deus, como nos tem ordenado” (Dt. 6:24-25). “Mas a misericórdia de Jeová é de eternidade a eternidade sobre aqueles que o temem, e a sua justiça sobre os filhos dos filhos; sobre aqueles que guardam o seu concerto, e sobre os que se lembram dos seus mandamentos para os cumprirem” (Sl. 103:17-18). “Congregai os meus santos, aqueles que fizeram comigo um concerto com sacrifícios, e os céus anunciarão  a sua justiça, pois Deus mesmo é o juiz” (Sl. 50:5-6). “A tua justiça é uma justiça eterna, e a tua lei é a verdade” (Sl. 119:142). “Ah! Se tivesses dado ouvidos aos meus mandamentos! Então seria a tua paz como um rio, e a tua justiça como as ondas do mar” (Is. 48:18). “Portanto os meus estatutos e os meus juízos guardareis; os quais, fazendo-os o homem, viverá por eles; eu sou Jeová” (Lv. 18:5).

É estranho e paradoxal que a justiça de Jeová estivesse sobre os que guardaram a sua lei e os seus estatutos, e Paulo apóstolo afirme o seguinte: “Que diremos pois? Que os gentios, que não buscavam a justiça, alcançaram a justiça? Sim, mas a justiça que é pela fé. Mas Israel, que buscava a lei da justiça, não chegou a lei da justiça. Por quê ? Porque não foi pela fé, mas como pelas obras da lei” (Rm. 9:30-32). Com isto Paulo ensinava que a justiça de Deus não está sobre os que guardam e praticam a lei, contrariando a palavra de Jeová, pois diz: “Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei” (Rm. 3:28).

A justiça de Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo é graça para todos. “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt. 2:11).

Essa é a justiça do amor e não da lei. A justiça da lei mata os transgressores, mas a justiça do amor salva a todos os que creem, bons e maus. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo. 3:16).

São, portanto, duas justiças diferentes, de dois autores diferentes: Jeová autor e consumador da lei e da condenação, e Jesus, autor e consumador da fé e da salvação (2 Co. 3:6-9; Hb. 12:2).

Ora, a mesma Bíblia afirma que de uma mesma fonte não pode sair água doce e água amargosa, logo Jeová é deus estranho ao Novo Testamento (Tg. 3:11). De uma mesma boca não pode proceder benção e maldição (Tg. 3:10; Dt. 28:1-68).

Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira

Deixe um comentário