(055) – O ZELO DE JEOVÁ

      Conheci um casal. No começo do casamento era um mar de rosas. Com o tempo, o marido passou a maltratar a esposa, ofender com palavras e agredir fisicamente. A esposa suportou muitos anos, até que, convencida de que o esposo não mudaria de atitude, abandonou o lar. Após algum tempo o marido a procurou propondo reconciliação. Ela disse: — Jamais voltarei. Você não vai mudar. Eu não acredito; — e não voltou, apesar das promessas maravilhosas.

O leitor vai conhecer a história mais fantástica deste mundo. Chama-se essa história: O ZELO DE JEOVÁ. É uma história assombrosa, e começa assim: “Jeová, como poderoso sairá, como homem de guerra despertará o zelo; e fará grande ruído, e sujeitará os seus inimigos” (Is.42:13). Jeová era homem de guerra, e era zeloso pelas suas guerras,  por que? Porque de Jeová é a guerra (1 Sm.17:47).

Assim diz o Senhor Jeová: “Certamente no fogo do meu zelo falei contra o resto das nações” (Ez.36:5). Jeová é contra as nações gentílicas (Ez.36:6-7). Tão diferente do Deus Pai de Jesus, que é a favor de todos. “Se Deus é por nós, quem será contra nós” (Rm.8:31).

O zelo de Jeová é vingativo e injusto. “Até quando, Jeová ? Indignar-te-ás para sempre? Arderá o teu zelo como fogo? Derrama  o teu furor sobre as nações que te não conhecem, e sobre os reinos que não invocam o teu nome, porque devoraram a Jacó, e assolaram as suas moradas” (Sl.79:5-7). É injusto derramar furor sobre pessoas que não nos conhecem, e no Novo Testamento lemos que Deus, o Pai, não leva em conta os tempos da ignorância (At.17:30). No Velho Testamento, Jeová ganhava o respeito das nações pelo terror e não pelo amor. “Neste dia começarei a por um terror e um temor de ti diante dos povos que estão debaixo do céu” (Dt.2:25). O amor de Cristo produz amor nos outros. “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” (Jo.13:34). Jeová aterrorizou Jó (Jó 6:4), aterrorizou o Salmista (Sl.88:15-16), aterrorizou os povos cananeus (Ex.25:27; Dt.2:25), aterrorizou Israel, seu povo (Lev. 26:16).

“O nome de Jeová é zeloso” (Ex.34:14). Quem lê esta passagem se engana ao pensar que o zelo de Jeová é para cuidar, defender e proteger.  Na realidade, o seu zelo é para destruir e consumir. “Porque Jeová o teu Deus é um fogo que consome, um Deus zeloso” (Dt.4:24). E consome o pai, o filho, o neto e o bisneto. “Não te encurvarás as imagens nem as servirás, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a maldade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem” (Ex.20:4-5). Que tem o filho, o neto e bisneto e o tataraneto a ver com o pecado do ancestral?

O zelo de Jeová é uma ira destruidora. “Jeová vosso Deus é um Deus zeloso no meio de ti; para que a ira de Jeová teu Deus se não acenda contra ti, e te destrua de sobre a face da terra” (Dt.6:15).

O zelo de Jeová é não perdoar os pecados, mas para fazer o mal. “Não podereis servir a Jeová, porquanto é Deus santo, é Deus zeloso, que não perdoará a vossa transgressão e os vossos pecados. Se deixardes a Jeová, e servirdes a deuses estranhos, então se tornará, e vos fará mal, e vos consumirá, depois de fazer bem” (Js.24:19-20).

O zelo de Jeová é o zelo ávido de vingança, e por isso fica remoendo a ira até o momento de se vingar. “Jeová é um Deus zeloso e que toma vingança; Jeová toma vingança e é cheio de furor. Jeová toma vingança contra os seus adversários, e guarda ira contra os seus inimigos” (Na.1:2).

É tanto o zelo vingativo de Jeová, que aborreceu o seu próprio povo, a menina dos seus olhos (Dt.32:10).  “Pois lhe provocaram a ira com os seus altos, e despertaram-lhe o zelo com as suas imagens de escultura. Deus ouviu isto e se indignou, e sobremodo aborreceu a Israel” (Sl.78:58-59). A ira, o furor, e o zelo de Jeová foram tão grandes, que desamparou o tabernáculo, sua morada entre os homens, deu a sua força ao cativeiro, e deu a sua glória na mão do inimigo (Sl.78:60-61). Jeová encolerizado fez o que disse que não faria: “Eu sou Jeová; este é o meu nome; A MINHA GLÓRIA POIS A OUTREM NÃO DAREI” (Is.48:11). Um homem encolerizado perde a razão, mas um Deus agir como homem não se pode admitir.

Falemos do zelo específico de Jeová para com o seu povo Israel. “Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram” (Dt.32:16). Leiamos a reação de Jeová: Porque um fogo se acendeu na minha ira, e arderá até o mais profundo do inferno, e consumirá a terra com a sua novidade. Males amontoarei sobre eles, as minhas setas esgotarei contra eles. Exaustos serão de fome, comidos de carbúnculo e de peste amarga; e entre eles enviarei dentes de feras, com ardente peçonha de serpentes do pó. Por fora devastará a espada, e por dentro o pavor; ao mancebo, juntamente com a virgem, assim a criança de mama como ao homem de cãs” (Dt.32:22-25). E o comportamento de Jeová jamais mudou para melhor. O mal é sua arma predileta. “Porque pus o meu rosto contra esta cidade para mal e não para bem” (Jr.21:10). “Jeová vigiou sobre o mal, e o trouxe sobre nós” (Dn.9:14).

Há na Bíblia uma referência ao zelo de Jesus. “Estava próxima a festa da Páscoa, e Jesus subiu a Jerusalém, e achou no Templo os que vendiam bois, e ovelhas, e pombos, e os cambiadores assentados. E, tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do Templo, também os bois e ovelhas, e espalhou o dinheiro dos cambiadores, e derribou as mesas, e disse: Não façais da casa de meu pai casa de venda. E os seus discípulos lembraram-se do que está escrito: O zelo da tua casa me devorará” (Jo.2:13-17). Qual a diferença do zelo de Jeová e o zelo de Jesus? Jeová, no seu zelo, matou os pecadores e queimou o templo a fogo (2 Cr.36:14-20). Jesus, no seu zelo, expulsou os pecadores para conservar o templo.

Em segundo lugar, Jesus não falava do templo de pedra, mas do templo do seu corpo. A referência ao templo de Jerusalém foi como ilustração. Cristo quis ensinar que o templo verdadeiro, isto é, o nosso corpo, é usado para negócio. Os valores espirituais do homens são leiloados nos lupanares e nas casas de banquetes. Em último lugar, Jesus falou da sua ressurreição quando disse: “Derrubai este templo, e em três dias o levantarei” (Jo.2:19). Jesus ensinou que a função dele é preservar o templo do corpo do cristão, porém, se o cristão conspurca o templo do Espírito Santo, não vai ressuscitar fisicamente com Cristo. Quando Jesus expulsou do templo de Jerusalém os bois, as ovelhas, e os pombos, quis ensinar que aqueles sacrifícios eram inúteis, pois está escrito: “É impossível que o sangue dos touros e dos bodes tire os pecados” (Hb.10:4). Também aqueles sacrifícios exigidos por Jeová não eram aceitos pelo Pai. “Sacrifício e oferta, e holocaustos e oblações pelo pecado não quiseste, nem te agradaram, os quais se oferecem segundo a lei. Então disse: Eis aqui venho para fazer, ó Deus, a tua vontade, tira o primeiro para estabelecer o segundo” (Hb.10:8-9).

Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira

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