Paulo, apóstolo, cantou um hino de adoração ao Deus verdadeiro, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. E começa assim: “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os teus juízos, e quão inescrutáveis os teus caminhos! Porque quem compreendeu o intento do Senhor? ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a ele, para que lhe seja recompensado? Porque dele, e por ele, e para ele são todas as coisas; glória pois a ele eternamente. Amém” (Rm. 11:33-36). Neste cântico Paulo revela que as riquezas de Deus são sabedoria e ciência. Os caminhos de Deus inescrutáveis, e os seus juízos insondáveis, isto é, não há ninguém no céu e na terra que possa compreender ou ponderar. Por isso ninguém pode ser seu conselheiro. Ora, um conselheiro participa à altura do assunto em questão. Se houvesse um conselheiro, este poderia contribuir com alguma idéia genial ou algum plano maravilhoso, e por isto seria recompensado. Paulo, no entanto, deixa claro nas entrelinhas, que ninguém foi conselheiro de Deus e ninguém deu nada para Deus para ser recompensado.
Como exemplo, citamos a salvação. Se alguém fosse salvo pelas obras, daria primeiro a Deus para receber a recompensa da salvação, mas Paulo desfaz essa ilusão: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Ef. 2:8-9). O único que deu a Deus foi Jesus Cristo. “E andai em amor, como também Cristo vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, em oferta e sacrífício a Deus” (Ef. 5:2). “Graça e paz da parte de Deus Pai e da de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual se deu a si mesmo por nossos pecados, para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus, nosso Pai” (Gl. 1:3-4). Mas Jesus e o Pai são um (Jo 10:30).
Jeová, no Velho Testamento, recebia conselhos dos anjos e pedia conselhos aos anjos. Jeová queria matar o rei Acabe, que era mau. Então assentou-se no seu trono, e todo o exército do céu estava reunido à sua direita e à sua esquerda. E disse Jeová: “Quem induzirá a Acabe, que suba a guerra em Ramote Gileade? E um dizia de uma maneira e outro de outra”. Os anjos estavam sendo conselheiros de Jeová. Então saiu um espírito, e se apresentou diante de Jeová, e disse: “Eu o induzirei”. E Jeová lhe disse: “Com que?” E disse ele: “Eu sairei, e serei um espírito de mentira na boca de todos os seus profetas. E disse Jeová: tu o induzirás e ainda prevalecerás; sai e faze assim” (1 Rs. 22:19-22). Jeová aceitou de um anjo um conselho maligno, pois aceitou a mentira, e ordenou ao anjo que executasse o plano maquiavélico. O que nos assusta é o texto seguinte: “Agora, pois, eis que Jeová pôs o espírito da mentira na boca de todos estes teus profetas, e Jeová falou mal contra ti (1 Rs. 22:23). A guerra aconteceu, e Acabe, receoso de morrer, colocou um disfarce. Durante a peleja, um soldado disparou uma flecha por acaso e sem rumo, e esta feriu o rei Acabe, de Israel (1 Rs. 22:29-35). Na realidade não houve peleja, pois morto o rei Acabe, cada um voltou ao seu lugar (1 Rs. 22:36).
Ora, Jeová só queria matar Acabe, e tinha poder para matá-lo como fez com Uzá (2 Sm. 6:3-7). Jeová não precisava se valer da mentira para matar Acabe. Então porque se valeu da mentira? Para declarar de alto e bom som que está envolvido em todas as mentiras contidas no Velho Testamento.
Pior do que o caso de Acabe, foi o caso de Jó. Jeová aceitou o conselho de Satanás. Diz a Escritura que Jó era “sincero, reto, temente a Deus e desviava-se do mal. Vindo, porém, um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante Jeová, veio também Satanás entre eles”. Jeová dialogou com Satã e exaltou as qualidades de Jó. Então Satanás tentou a Jeová alegando que a retidão de Jó era falsa, e sugeriu que Jeová tirasse tudo o que deu a Jó de bom, que este o amaldiçoaria com blasfêmias. JEOVÁ ACEITOU O CONSELHO DE SATANÁS, e disse: “Eis que tudo quanto tem está na tua mão, mas não toqueis em Jó” (Jó 1:6-12). Satanás tirou tudo que Jó tinha, lançando-o na miséria, e matou seus dez filhos. Nenhum homem, por fiel que seja a Deus, está seguro, quando Deus aceita conselhos de Satanás. Paulo, entretanto, afirma que o Deus e Pai de Jesus não teve conselheiros, logo, Jeová e o Pai não são a mesma pessoa. E se Jesus se aconselhava com o Pai, não era também Jeová, pois este nunca falou do Pai, e recebia conselhos perversos dos anjos e de Satã. O fato é que o fiel Jó, disse: “Jeová deu, Jeová tomou: bendito seja o nome de Jeová” (Jó 1:21). Depois disso, num outro dia, apresentou-se Satanás novamente entre os filhos de Jeová, e este exaltou novamente as qualidades de Jó, e então confessou que foi tentado pelo diabo sem motivo (Jó 2: 1-7). Pobre Jó, que creu e confiou em um Deus guiado pelo pai da mentira (Jo. 8:44).
Mas Jeová, o Todo Poderoso (El Shaday), foi repreendido pelos homens quando Moisés, no Monte Sinai, recebia as leis de Jeová. O povo, embaixo, pediu a Arão que fabricasse um deus, isto é, o bezerro de ouro, com o ouro saqueado do Egito (Ex. 3:22; 12:29-36). Arão prontamente atendeu. O povo estava festejando o bezerro quando o furor de Jeová se acendeu e resolveu exterminar o povo que criou para sua glória (Is. 43:1-7; Ex. 32:10). Moisés, ouvindo isso, suplicou a Jeová com grandes argumentos. Então Jeová se arrependeu da atitude precipitada (Ex. 32:11-14).
De outra feita, quando 12 espias foram sondar a terra, e ao voltar a infamaram, Jeová, cheio de furor, disse: “Até quando me provocará este povo? Até quando não me crerão? Com peste os ferirei, e os rejeitarei” (Nm. 14:1-12). Desta vez Moisés não suplicou, mas chamou a atenção de Jeová para os maus juízos que os egípcios iam fazer dele, e sugere que Jeová os perdoe. Este respondeu: “Conforme a tua palavra os perdoei” (Nm. 14:20). Em outras palavras, eu aceito o teu conselho.
O pior caso aconteceu quando Davi reinava. O reino estava seguro e organizado. Os levitas e sacerdotes ordenados por Davi para o serviço do tabernáculo. Era o apogeu do trono de Davi. A ira de Jeová tornou a se acender contra Israel e incitou Davi a numerar o povo. Davi obedeceu. Jeová, como castigo enviou o seu anjo que matou 70.000 hebreus, e ainda queria destruir Jerusalém. Não havia motivo para essa matança injusta. E disse: “Eis que eu sou o que pequei; porém, estas ovelhas que fizeram? Seja a tua mão contra mim, e contra a casa de meu pai” (2 Sm. 24:17). Assim repreendeu Davi a Jeová.
Mas o Pai de Jesus não é aconselhado ou repreendido por ninguém (Rm. 11:33-36).
Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira