“Porque para com Deus, não há acepção de pessoas” (Rm. 2:11).
Pedro, fariseu zeloso e instruído na lei de Jeová, considerava imundos os estrangeiros. Entretanto, um centurião romano de nome Cornélio, era caridoso e de contínuo orava a Deus. Deus amava o centurião e queria evangelizá-lo, mas sabia que Pedro se negaria a essa tarefa. Então, lhe deu uma visão fantástica. Quando Pedro orava, “viu o céu aberto, e que descia um vaso, como se fosse um grande lençol atado pelas quatro pontas, e vindo para a terra. No qual havia de todos os animais quadrúpedes e répteis da terra, e aves do céu. E foi-lhe dirigida uma voz: Levanta-te Pedro, mata e come. Mas Pedro disse: De modo nenhum Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum ou imunda” (At.10:11-14). Esta visão se repetiu por três vezes, e Pedro entendeu que aqueles que para Jeová eram imundos, para o Pai não são, pois o sacrifício de Jesus é para todos os homens de todos os tempos. “Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (1 Jo. 2:2). Deus, o Pai, não faz acepção de pessoas. Pedro entendeu isso e pregou na casa do centurião, e o Espírito Santo foi derramado sobre todos.
O Pai é de todos, por todos, e para todos. “Ouvistes o que foi dito, amarás o teu próximo e aborrecerás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus; porque faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos” (Mt. 5:43-45). Deus, o Pai, quer salvar todos os homens, maus ou bons, justos ou injustos, aleijados ou perfeitos, por isso diz Paulo: “Porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt. 2:11).
Lá no monte do Calvário haviam três cruzes. Jesus crucificado ao centro e dois malfeitores à esquerda e à direita. Aqueles dois malfeitores eram bandidos confessos (Lc. 23:39-41). Surpreendentemente, um deles olha para Jesus e diz: “Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino” (Lc. 23:42). Jesus, cheio de ternura lhe respondeu: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc. 23:43). O malfeitor era criminoso condenado, tendo confessado seus crimes, mas bastou confessar a Cristo como Senhor para ser salvo. E por que foi salvo? Porque Jesus salva a todos que o confessam, sejam condenados ou não, pois para Jesus não há acepção de pessoas.
Vejamos o grande Deus Jeová do Velho Testamento. Aquele Deus se revelou a Moisés no monte Horebe como Deus de Abraão, Isaque e Jacó, dizendo: “Tenho visto a escravidão do meu povo e desci para livrá-lo da mão dos egípcios” (Ex. 3:1-8). De acordo com o Novo Testamento, onde lemos que Deus é amor, e quer salvar todos os homens, Jeová deveria enviar Moisés ao Egito para falar do seu amor e da sua salvação, o que não aconteceu. Faraó e os egípcios foram tratados como inimigos de Deus. Jeová, pelas mãos de Moisés, castigou o Egito com grandes pragas, e todas as vezes que Faraó amolecia, Jeová o endurecia (Ex. 7:3; 9:12; 10:1, 20, 27; 11:10; 14:4, 8, 17). Se não fosse o endurecimento da parte de Jeová, Faraó teria se convertido (Ex. 9:27-28, etc). A grande verdade é que o propósito de Jeová era destruir os egípcios e salvar a Israel, e sem dar nenhuma chance de salvação à aqueles. Que idéia fazem os egípcios do Deus de Israel? Um Deus injusto e discriminador. Qualquer evangelista que vá ao Egito pregar o amor de Deus será escorraçado. Para agravar a situação, Jeová declarou que fez acepção entre Israel e os egípcios. “Todo o primogênito na terra do Egito morrerá, desde o primogênito de Faraó, que se assenta com ele no seu trono, até o primogênito da serva que está detrás da mó, e todo o primogênito dos animais. E haverá grande pranto em toda a terra do Egito, qual nunca houve semelhante, e nunca haverá. Mas contra todos os filhos dos de Israel nem ainda um cão moverá a sua língua, desde os homens até os animais, PARA QUE SAIBAIS QUE JEOVÁ FEZ DIFERENÇA ENTRE OS EGÍPCIOS E OS ISRAELITAS” (Ex. 11:5-7). Jeová faz acepção de pessoas, e com um agravante: Moisés declarou na lei que Jeová não faz acepção de pessoas em Dt. 10:17. Esta declaração da lei é mentirosa, pois afirma uma coisa e Jeová faz outra.
Havia em Canaã, a terra prometida, dez povos: Queneu, Quenezeu, Cadmoneu, Heteu, Perizeu, Refains, Amorreus, Cananeus, Girgazeus, Jebuzeus (Gn. 15:19-20). Aqueles dez povos não conheciam Jeová. Deveriam ser evangelizados. Se Jeová fosse Jesus, faria isso, pois Jesus disse: “Ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt. 28:19).
Aqueles povos não conheciam Jeová, e foram tratados como inimigos: “Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando houverdes passado o Jordão para a terra de Canaã, lançareis fora todos os moradores da terra diante de vós…” (Nm. 33:51-52). O que agrava o comportamento de Jeová, é que, em vez de tentar salvar aqueles povos, queria destruí-los: “Não houve cidade que fizesse paz com os filhos de Israel, senão os heveus, porquanto de Jeová vinha, que seus corações endurecessem, para saírem ao encontro a Israel a guerra, para os destruir totalmente, para se não ter piedade deles; mas para os destruir a todos, como Jeová tinha ordenado a Moisés” (Js. 11:19-20). Jeová faz acepção de pessoas, e até no meio dos seus escolhidos, pois entre os levitas, que ministravam o sacerdócio, se algum fosse aleijado ou tivesse alguma deformação, estava proibido de ministrar (Lv. 21:17-22). Qual é a culpa de uma pessoa de nascer com algum defeito físico? Nenhuma.
Para Jesus, no Novo Testamento, a coisa é totalmente diversa. Jesus convidou para participar da ceia no Reino de Deus, os perfeitos e os aleijados. Os perfeitos não quiseram e os aleijados entraram (Lc. 14:15-24). Jesus convida para o seu reino, ricos e pobres. Os ricos acham que a glória do dinheiro vale mais que o Reino de Deus, então os pobres entram e os ricos ficam de fora (Mt. 19:16-24; Tg. 2:5). Uma coisa deve ficar bem esclarecida: Jeová fazia acepção de pessoas e Jesus não, logo, não estão no mesmo barco, e Jesus disse: “Quem comigo não ajunta, espalha” (Mt. 12:30).
Autoria: Pr. Olavo Silveira Pereira